quarta-feira, 29 de abril de 2009

Austrália (2008)

Pois é. Um filme controverso, que foi aniquilado pela crítica, embora alguns conhecidos meus tenham gostado. Acho que é um filme que tem muito o que se comentar. Vi ele na tarde de segunda-feira 20, feriadão de Tiradentes, all alone.


O começo do filme é confuso. A primeira cena em que Hugh Jackman, cujo personagem é "O Capataz", aparece é numa briga de bar: Ele contra todos, ganhando. Eis que chega à Austrália a aristocrata inglesa Sarah Ashley, Nicole Kidman, pois tem terras de seu marido que precisam de cuidado. É tudo tão exacerbado que pensei: "Ok, isto é Austrália vista pela visão dela. A história vai ser narrada por ela, e vão ter coisas viajadas que na verdade só existem na cabeça dela!" Mentira. O filme fica menos exagerado depois. Até hoje não entendi direito. Então, pra quem viu o filme, as calcinhas voam pelo ar mesmo?

A narração em 1ª pessoa começa, mas não é dela, e sim de Nullah, uma criança mestiça de aborígenes com brancos. Eu teria usado mais a sua causa, me aprofundaria MESMO no seu caso. Sua ingenuidade podia ter sido melhor usada, própria de uma criança, aliado à simplicidade de pensamento, também típico de uma criança, acerca de sua questão étnico-social. (Descobri que o ator que faz Nullah tem 13 anos!) Ao invés disso, o que vimos é um personagem com um sotaque chato e inoportuno, com poderes mágicos (WTF!?). O velho George apareceu demais, poderiam ter feito dele um cara realmente misterioso. Está no filme David Wenham, de 300 e Senhor dos Anéis.

Os personagens não são complexos, são previsíveis. - Por que são tipos sociais, representando a sociedade da Austrália. - Mas o filme não quer apenas retratar esta terra: Quer contar uma história, a grande história de como Sarah chega como turista em Austrália, se sensibiliza com os nativos e acaba por fazer parte daquele cenário rudimentar, personalizado pelo Capataz ( que até era para ser interpretado por Russell Crowe, mas isso é detalhe). Talvez isso que o faça tão único: Ele é 132 filmes em 1: Longo e abrangente.

Só comecei sentir verdadeira afeição pelos personagens lá depois de uma hora do começo do filme. Em cenas que percebo que foram feitas para ser tocantes, não me sensiblizei absolutamente nada. É o caso da 1° morte do filme, que não direi como nem qual é por motivos óbvios. Para os novos leitores, não fazemos spoiler. A última meia hora, no entanto, é muito boa, tem um bom ritmo e até dá pra chorar em uma cena.

Apesar disso, é um filme um tanto nostálgico: Com fotografia espetacularmente captada por vistas panoramicas, a trama possui crianças indefesas, amores impensados e aventura de montão. É difícil detonar um filme tão sedutor e visualmente magnífico, ainda mais com dois atores tão marcantes.


Um filme grandioso em que, por mais que tenha milhares de defeitos, o jeito é ignorar grande parte do filme e tomar só o que importa, essas ressalvas geniais, essas cenas mágicas que, embora pudéssem ser muito mais bem usadas, estão lá. Sim, as quase 3 horas de filme parecem nunca acabar, portanto vá preparado ao cinema. Vale à pena, nem que seja só para ter uma opinião.

NOTA:

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Leitor (2008)

Foi assistir O Leitor no cinema, também no cinema do Aeroporto, meu último recurso para a oportunidade de de ver grandes filmes "na telona".

Eu fui ao cinema com algumas expectativas com relação ao filme, por causa da opinião favorável da crítica. Como eu li alguns artigos a respeito, eu conhecia o enredo do filme. Ou pelo menos, achava.



A característica mais marcante do filme é o seu preciosismo. O filme é irretocável e detalhista ao extremo, lembrando, nesse sentido, Desejo e Reparação. E, ao mesmo tempo, ele consegue ter a força e intensidade para marcar o espectador e deixar uma mensagem. A trilha sonora, a montagem e os diálogos são muito bem encaixados e esculpidos. Provavelmente os críticos-chatos anti-adaptações vão chiar sobre algumas cenas e praguejar dizendo: "o livro é muito melhor". Mas como eu não li, e não sou um desses chatos, gostei.

A atuação da vencedora do Oscar e Globo de Ouro de Melhor Atriz, Kate Winslet é simplesmente perfeita. Ela incorpora a personagem, estrangeira (incluindo sotaque), de um modo sobrehumano. Mesmo ela sendo uma agradável constante nos últimos anos em Hollywood, em O Leitor às vezes se esquece da atriz Kate Winslet e passa-se a ver Hanna Schmitz. Merecidíssimo. Ralph Fiennes, que interpreta o protagonista Michael Berg, não brilha, mas faz uma atuação sólida e convincente.



Os aspectos técnicos, como mencionei, são de altíssimo nível. É um Grande Filme, com letras maiúsculas. A trilha sonora, basicamente composta por músicas eruditas, segue o ritmo da trama, sendo pouco destacada. A edição vai bem, dando sinais sutis do desenrolar da trama. Há como deduzir algumas coisas, mas eu não consegui o fazer.

Talvez o filme peque apenas em sua estrutura. Ele fica tempo demais focando no romance do jovem Michael, e seus encontros sexuais escondidos com Hanna. Resumindo, tem sexo demais. A verdadeira mensagem do filme, ao contrário do que foi divulgado em promoção, ou seja, a parte do filme que o torna passível de destaque não é o romance em si, mas o desenrolar da relação dos personagens ao longo dos anos. Creio que o tempo em cada época foi um pouco mal distribuído, na minha opinião. Senti um pouco de falta nos detalhes da faculdade e das contradições nas aulas de Direito.

Por tudo isso, O Leitor está, de maneira justa, entre os 5 melhores filmes de 2008.

NOTA:

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Wall-E

Wall-E é um marco na história da animação, na história do cinema. Obrigatório.

O que impressiona é que, mesmo praticamente não possuindo diálogos, o filme passa longe de se tornar monótono e os personagens conseguem se expressar claramente. Nos identificamos rapidamente com Wall-E e EVA: Aos 20 minutos de filme já nos afeiçoamos a Wall-E de tal maneira que admito ser mágica. Só a Pixar mesmo.
Foi indicado ao Oscar de melhor mixagem de som, som, trilha sonora, música original ("Down to Earth") e vencedor de melhor animação. Mereceu todas indicações e poderia ter ganhado mais prêmios. O compositor e intérprete de Down to Earth se recusou a tocar uma versão reduzida na cerimônia do Oscar. É preciso ter muita integridade para recusar um convite destes. Mas não sei até que ponto fez certo. Concorreu a 36 outros prêmios e ganhou mais 40.

Sobre a história, não posso falar muito: No ano de dois mil setecentos e alguma coisa, o planeta Terra naõ é mais habitado por humanos, e Wall-E é o último robô ligado, uma máquina que compacta o lixo que há por toda parte. É quando chega EVA, um robô ecxtra-terrestre à procura de algo.

O filme acaba por sendo uma das maiores histórias de amor de todos os tempos, e provavelmente a melhor animação de todas. Passa longe de ser infantil, e é diferente de tudo que já foi feito: Ao mesmo tempo que narra uma história de dois robôs que poderia acontecer conosco, o filme critica a sociedade atual de uma maneira tão sensível que não se torna nem sensacionalista nem profunda demais. É uma obra-de-arte. De se comprar, ver e rever. Até chorei no final.


Visualmente, o filme é perfeito. Os extras no DVD são sobre os efeitos sonoros. Thomas Newman foi o responsável pela trilha sonora como o é na maioria dos filmes da Pixar e merece parabéns.

NOTA:

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Dúvida (2008)

Dúvida: Um filme profundo, denso e diferente. Um filme pra refletir sobre seus princípios e valores.


O filme Dúvida concorreu ao Oscar de melhor atriz (Meryl Streep), melhor ator coadjuante (Philip Seymour Hoffman), melhor coadjuvante, Amy Adams e Viola Davis e roteiro adaptado.

Ele trata de um garoto negro recém chegado a uma escola católica ortodoxa na década de 50, que acaba se envolvendo com o padre Brendan Flynn. Meryl Streep, uma subordinada sua na igreja, diretora da escola, tem a certeza de que ele assediou o garoto, e faz de tudo para fazê-lo pagar.
Intrigas, conversas, olhares. Diálogo após de diálogo, como o filme é baseado em uma peça de teatro, são poucas cenas, mas longas.

Você fica com dúvida se Flynn é culpado ou não, pois o filme consegue ser imparcial. E se é, você começa a duvidar seus próprios princípios, questionando se quando um garoto é violentado pelo pai, excluído socialmente pela cor da sua pele, a única pessoa que lhe demontra um pingo de afeto é mesmo um monstro pedófilo? E se Flynn é inocente? A que ponto criamos uma mentira tão real em nossas mentes, apenas para incriminar alguém que detestamos? É de se pensar.

Não é um filme explícito: As intenções da obra não são mostradas escancaradamente, não há conclusões. Pense por si mesmo, reflita, e tome uma posição.
É uma experiência para se ver numa tarde nublada de domingo.

NOTA:

domingo, 5 de abril de 2009

O Lutador (2008)

Eu assisti esse filme no Aeroguion, especializado em filmes B e ter filmes com longos períodos em cartaz. Eu estava ansioso para ver Mickey Rourke em O Lutador.



O triller, vencedor do Festival de Cinema de Veneza, é um retrato cru e super realista do mundo da luta livre. A volta de Mickey Rourke ao mainstream, depois de se recuperar de uma vida decadente de drogas e outros problemas judiciais é primordial. Como ele mesmo já foi um lutador de luta livre na vida real, a sua atuação tornou-se ainda mais marcante.

Ele, interpretando Randy, "O Carneiro" Robinson, é quem dá o tom para o filme, combinando até os ossos com o pano de fundo sujo e decadente, bem representados pelas ruas da cidade e do trailer onde ele vive. Sozinho. O filme retrata também a questão do envelhecimento e da dura realidade de quem ganha a vida brigando. Também chamo atenção para a atuação da Marisa Tomei, que faz uma prostituta que Randy gosta, além da perenidade de um programa. Ela conseguiu captar o espírito selvagem da personagem muito bem. Atenção nas cenas de strip tease.



Como é típico de filmes super realistas, a trilha sonora é bem leve e não muito aparente. A regra segue em O Lutador. Eu particularmente adoro esse estilo que lembra um documentário, só que simbolizando a vida real. O melhor uso desse estilo de fotografia e montagem no filme foram nas tomadas handcam nas lutas, que ficaram simplesmente fantásticas.

"And now, I'm an old broken down piece of meat... and I'm alone. And I deserve to be alone. I just don't want you to hate me."


O roteiro, por vezes, é um pouco corrido e confuso, principalmente quando trata do amor na vida de Randy. Não sei se é um artifício do Diretor, mesmo de A Fonte da Vida e Réquiem Para Um Sonho (ótimo currículo :P), para mostrar como o personagem está confuso, mas não funcionou. O filme também é bastante violento, Rated R. Em uma das lutas há vidro moído, arame farpado e um grampeador. Dá pra imaginar o sadismo, né?

Eu gostei e me emocionei. O final também ajuda, dando um toque suave, como um gran finale a tudo.
No fundo, O Carneiro sempre será um lutador.

Nota:

Passe Adiante