segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Antes Que o Mundo Acabe (2010)

Filmaço! Numa noite chuvosa de domingo, me aventurei com minha amiga Lucy na sala do Santander Cultural para ver a sessão comentada pela diretora Ana Luiza Azevedo. E valeumuito a pena.

É um filme apaixonante, já que toca em pontos tão cotidianos e simples de maneira que é impossível não se deixar cativar, seja pelos personagens, seja pelo ar da pequena cidade do interior do RS chamada Pedra Grande. Eu, pelo menos, me vi em quase todos, em quase tudo, um pouco: no fotógrafo apaixonado, na irmã ingênua, no pai parceiro, no melhor amigo encrencado, na namorada disputada... Antes Que o Mundo Acabe junto a simplicidade da vida no interior e a complexidade de um adolescente de 16 anos, o Daniel.

Ele é uma adaptação de um livro de Marcelo Carneiro da Cunha. A trama toda se baseia -sutilmente- nos contrastes, no limite, na beirada do 'antes que o mundo acabe'. É um filme sobre diferenças, mas sem a mensagem pedagógica já tão senso-comum de "Respeite as diferenças". Não, as diferenças existem no plano casa/cidade/planeta, família/mundo lá fora. É se encontrando aos poucos com o pai biológico que vive do outro lado do mundo que o garoto da foto ao lado se encontra - afinal, os dois têm até o mesmo nome.

Fica o trailer pra quem precisa de mais pra se convencer a ver esta produção gauchíssima, sem dúvida alguma o meu filme brasileiro favorito: http://www.youtube.com/watch?v=wIAeG37DYw4


NOTA:

PARA QUEM VIU
Pelo que vi, Ana Luiza fez milagre: no livro não existe a personagem da irmã mais nova, que dá a versão cômica, distânciada e ingênua da história; 90 % do livro são cartas; A trama não se passa no interior - logo, não há visita a Porto Alegre. Difícil imaginar, não? O livro, na minha opinião, deve ser uma droga, baseada demais na relação do filho com o pai.

Outra questão que surgiu na sessão foi se Daniel estava de alguma maneira encarando a ida ao México como fuga da realidade que se mostrou não-tão-agradável, ou se ele queria mesmo era se encontrar com o pai (Cena que, aliás, graças a Deus não foi mostrada). O que a diretora disse e eu concordo plenamente é que aquela viagem pro México mostra exatamente que ele, enfim, aceitou a mudança (tanto que até a metade do filme ele reluta contra o pai biológico, mas depois que escreve o e-mail, aceita que não pode ser mais o pacato rapaz do interior.) E, como um certo rito de passagem, deixa de lado seu mundinho de Pedra Grande para conquistar o mundo, antes que... Enfim, tu sabe. =D

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Leningrado (2007)

PODRE. Demorou pra sair a crítica porque eu destesto postar filmes que não curti, mas se estes posts não existissem, não teria lá muito sentido existir o Pipocas em Ação...

A edição, mais uma vez, me incomodou com os cortes abruptos, realmente cortando e rasgando um esboço de uma ótima cena. Detesto este jeito de fazer filmes com milhares de tomadas apressadas, do mesmo jeito que me incomodei bastante nos últimos filmes do Harry Potter, por exemplo. O filme parece que não grava tanto.


O filme é tão ruim que não encontrei imagem nenhuma na internet. Fica o poster ;)

Bom, além de muitas e bizarras cenas em slow-motion por nenhum motivo, o filme peca na quantidade absurda de clichês (A espiã traidora, os duros sacrifícios que devem ser feitos em tempos difíceis, ...). Na questão "o que te prende no filme", ele é uma nulidade. A suposta personagem principal é uma loira oxigenada que fica o filme todo com aquele cabelo "oi, recém fiz uma chapinha" e é toda estúpida. Até pensei que podia ser uma sátira com o americano-padrão, nutrindo ilusões de que as coisas vão sempre acabar bem e que e justiça triunfará. Nina Tsvetnova é uma russa que dá moradia e sustento à Kate Davis, a tal jornalista americana que acabou presa no sítio a Leningrado por causa de um acidente envolvendo sua equipe. E o filme te enche com personagens secundários tão rasos que quase desempenham a função de arquétipos sociais.

Outro péssimo ponto é o ritmo, já que o filme todo se constrói como se o espectador não soubesse o final. Mas você, leitor, bem sabe que os alemães perderam essa batalha crucial apesar de terem exterminado um zilhão de russos com o sítio à cidade.

Algumas inverossimilianças, como uns caras jogando futebol enquanto metade da cidade morre de fome, ou as alucinações de Kate, que de repente desaparecem só tiram o pingo de credibilidade que o filme podia ter.

Se você espera um bom filme de guerra, não vai ver bons efeitos especiais nem tomadas muito originais além da incial. Se você espera uma versão lírica e poética da provável batalha mais importante da IIª Guerra Mundial, também este não é seu filme. O que ele mostra é a dura realidade do cerco de mais de 800 dias à atual cidade de São Petersburgo, todo o sofrimento pelo qual passou a população sitiada, sem escapatória senão a morte pela rígida nevasca e pelo racionamento de comida para salvar os mais saudáveis. Sim, a realidade ele mostra, ou tenta mostrar.

Como, então, fazer deste um filme melhor? A solução é clara, duas cenas do filme mostram bem o rumo que ele poderia seguir e então brilhar: Uma é o pseudo-aniversário da americana, que demonstra bem a intimidade das duas mulheres, solitárias mas ainda tão humanas. Claro que uma cena tão bela acabou sendo destruída com um fim nada-a-ver... A outra cena (Que na verdade são duas ou três) é quando ela escreve na máquina de escrever um esboço de reportagem relatando as terrível realidade que estava vivenciando. Poxa, aquilo podia SER o filme, aquele podia ser o fio narrativo facilmente e curar o sério problema da falta de rumo e estabilidade.

Como todo filme histórico, traz a responsabilidade de saturar o tema pelos próximos 10 anos. Ou seja, pelos próximos anos não se vai mais nem pensar em fazer filmes sobre Leningrado porque este já "gastou" a temática. Uma pena que TÃO mal. E eu sei que essa crítica tá cheia de spoilers, mas eu realmente não me importo quando não recomendo o filme. Vou dar 2 pipocas porque 1 pipoca é só quando eu não aguentei ver o filme até o final. (É uma categoria anti-utópica por definição).

NOTA:

Passe Adiante