domingo, 28 de fevereiro de 2010

Amor sem Escalas (2009)

Vi esse filme há algumas semanas, mas esperei pra fazer a crítica para poder refletir mais sobre tudo o que ele significa. Dessa vez os tradutores de título se puxaram: Up in the Air para Amor Sem Escalas não dá. Ninguém quer ver um filme com esse nome. Baita erro de marketing. Eu me nego chamar ele assim.


Up in the Air é um dos 10 filmes (sim, dessa vez são 10) que concorrem ao Oscar de Melhor Filme. Conta a história de vida de Ryan Bingham, um consultor de demissões - no caso George Clooney - que passa 325 dias por ano viajando pelos EUA para cumprir seu trabalho. Fala também sobre o trauma da demissão, algo inimaginável para muitos americanos antes da crise financeira de 2008. Trata também sobre a solidão dos dias modernos, sobre a falta de sensibilidade e sobre relacionamentos humanos. É difícil digerir tanta coisa, mas é simplesmente fantástico. Faz pensar. E muito.

Bingham é um solteirão de carteirinha que sempre trabalha sozinho e não acredita muito em relacionamentos. A partir disso, o filme passa a explorar diversas frentes da vida desse cara. Família, relacionamentos, novos colegas de trabalho. E de um jeito cool e muito agradável de se assistir. É interessante ver como Bingham apresenta a sua filosofia da "Mochila Vazia", onde compromisso significa fardo. Legal entender como essa filosofia vai sendo desconstruída durante o filme quando tudo começa a mudar na vida dele.


O diretor Jason Reitman faz um trabalho excepcional e adiciona ainda uma trilha sonora sem retoques. Para mim, ele é um dos novos grandes nomes de Hollywood. Me identifico muito com suas mensagens, personagens, com seu jeito de contar histórias. Peguem Juno e Obrigado por Fumar como duas grandes obras que tenho na cabeceira.

O elenco é fantástico. Clooney está irretocável, tanto que está no páreo pro Oscar. Ele conseguiu criar um grande personagem e ficou perfeito para o papel. Vera Farmiga (linda) e Anna Kendrick fazem um ótimo papel de suporte, de mulheres que cruzam a vida de Bingham e fazem uma grande diferença. É difícil dizer qual está melhor. Tanto que as 2 também concorrem ao Oscar - de melhor Atriz Coadjuvante.


Ainda por cima, o filme tira sarro com vários aspectos de voar e da vida na estrada. Bem divertido. Uma frase que aparece e resume essa ideia é a seguinte:

"All the things you probably hate about travelling - the recycled air, the artificial lighting, the digital juice dispensers, the cheap sushi - are warm reminders that I'm home."

Lendo isso dá pra ter uma noção da força dos diálogos desse filme. É arrebatador. Uma das cenas que chamam a atenção são as das demissões. Elas foram feitas não com atores, mas com americanos reais que foram demitidos no último ano. Tudo extremamente autêntico.

O filme é lindo. O melhor que vi em 2010, so far. E um dos primeiros de muitos filmes que vão falar sobre a crise financeira americana.


Recomendação de fã:

NOTA:

4 Opiniões:

gus disse...

Vi e curti! Gostei muito da atuação das mulheres do filme. Pra mim, são elas que conseguem dar um tom mais real a trama toda. O Clooney tá bom, mas achei que faltou algo. Ah, esse lance de desconstrução das verdades de cada pessoa é um ponto muito bacana que o filme levanta :)

Unknown disse...

#Eu gostei muito de Up in the air, mas a minha cena favorita ainda vai ser a festa que eles entram de penetra - porque todo mundo já esteve em festas assim na pele de algum dos personagens. É legal se ver no cinema. Ninguém nunca vai viajar para Pandora.

#Muitos falaram que o filme tem a mesma temática de About a Boy ("no man is an island"), mas acho que enquanto AaB é mais comédia, UiA é mais drama, mais #vidareal. E por isso os finais de cada um são completamente diferentes. UiA é mais realista.

#Reclamação: a personagem da Vera Fermiga - você acha que eles estão mostrando uma mulher no mesmo patamar de um homem, independente, dona da própria sexualidade, livre de preconceitos e conformismo - casamento, filhos, etc. E o que acontece no fim? Ela só pode usufruir dessa liberdade longe de casa, onde ela assume o papel de housewife. Não precisava. Se a ideia era descontruir o princípio de sonho do Clooney, ela poderia simplesmente decidir que não era o que ela queria agora, sem ter que apelar.

gus disse...

Holly, concordo contigo sobre o desfecho que a personagem da Vera Fermiga tem. Ficou clichê e desbalanceada a situação toda.

Mas não é somente "o princípio de sonho" do Clooney que é repensado. Todos os personagens, de alguma maneira, são colocados na parede e precisam de um novo comportamento frente a novas situações. Acho que foi isso que mais me chamou atenção no filme.

Ah..realmente, "Up in the air" não tem uma temática semelhante a "About a Boy". "About a boy" vai por outros caminhos e conta uma história dramática usando comédia. A leveza que, as vezes, faz falta em "Up in the air", sobra em "About a boy".

De qualquer maneira, gostei bastante desses dois filmes ;)

Lidi disse...

Nossa! Quase pensei que não iam falar de Up In The Air"!
Pela primeira vez gostei do Clooney!
A personagem de Anna Kendrick como contraste ao personagem do Clooney ficou muito bom!
As cenas das demissões ficaram ótimas! E encaixaram bem com o conturbado cenário econômico.
E as músicas!!!!

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