domingo, 29 de agosto de 2010

A Lista de Schindler (1993)

Este fantástico filme de mais de 3 horas de duração ocupa um confortável e até que justo 7° lugar nos melhores cotados do IMDB.

Em preto-e-branco de propósito, Steven Spielberg opta por usar as cores apenas em momentos-chave, sem tornar disso marca do filme como em Sin City. O que faltou - e que Alfred Hitchcok dizia que devia ter em todo filme - é o humor. "Ora bolas, como tu quer pôr humor num filme com uma temática dessas!?" Eu não queria um tipo de humor como o de Bastardos Inglórios, é claro que não, mas uma descontraída tornaria o longo filme preto-e-branco mais tragável.

Outra coisa que pesa bastante o filme, mas dessa vez positivamente, é a quantidade absurda de sensibilidade com que esse tema é tratado: transborda arte nessa obra que acredita no espectador. A trilha sonora em violino completa a fotografia fenomenal.


Perguntei-me várias vezes onde começa e onde termina a ficção (Adoro quando o filme me faz perguntar isso) naquela história baseada em fatos reais. Numa ou outra cena chocante de execução, até para não querer acreditar, pensamos "É só um filme", mas fica aquela perturbação do talvez.

Spielberg frisa bem a nomeação dos judeus, um por um, por nome e sobrenome. Fiz uma relação direta com Estamira, onde um homem que mora num aterro no Rio de Janeiro tem alguns cachorros, acho que uns 5, e faz questão de nomeá-los, todos. Tamanha é a força deste ato aparentemente tão casual, já que singulariza e diferencia.

Alguma relação com Fredrick Zoller, de Bastardos Inglórios?

Te faz sentir mal em muitas cenas - e é aí que o filme peca um pouco, quando faz coro à ideia de que o nazismo é o mal ABSOLUTO. De que os caras eram maus mesmo, matavam e batiam deliberadamente, por que gostavam dessas coisas. Claro que tinha pessoas assim, claro que foi um dos piores legados da humanidade, mas a ideia que o filme passa é que Amon Goeth (Ralph Fiennes, de O Leitor) é o 'vilão perverso quase que caricaturiza o nazismo'. É contra filmes com essa visão do nazismo - que, eu sei, é condenável... - que O Leitor, por exemplo, luta contra, ao mostrar o lado mais humano dos oficiais. Mas veja bem: este aspecto não chega a atrapalhar o filme em si, já que Oskar Schindler (Liam Neeson), protagonista, é exatamente esse oficial mais humano.

De qualquer modo, o filme é daqueles... bonitos. Apesar de tudo, há pessoas de bom coração, o ser humano não é de todo mal, a guerra terminou. Um final - e desfecho - à altura, é tudo o que posso dizer.

NOTA:

OBS: A nota para os clássicos tem como referência eles mesmos: não dá pra comparar um clássico de 5 pipocas com um atual: nosso gosto é cinema contemporâneo, não adianta. Respeitamos, temos curiosidade e gostamos de filmes de mais de 15 anos, mas o nosso negócio é outro.

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